Tópicos
Mania de organização
Mega Man X DiVE
Taiwan
América Latina
Mega Man X4 com o X é canon sim
Naruto aos 14 anos vs. Naruto aos 29
Recanto (Gal Costa, 2011)
the pillows
Dica do programador
Momento crente
Mania de organização
Eu prefiro não dizer que tenho Transtorno Obsessivo Compulsivo sem um diagnóstico, ainda mais porque não acredito que tenha TOC também e não tenha interesse nenhum em me diagnosticar com isso. Eu tenho algumas manias de organização absurdas dentro do computador e, nessa terceira newsletter, me peguei já separando todos os possíveis tópicos dos quais poderia falar ou não. Hoje é quarta-feira, um dia depois da newsletter anterior.
Fato é que não sou uma pessoa organizada, num geral a minha vida é uma grande bagunça, mas existem algumas coisas com as quais eu tenho uma organização extrema, absurda, que deixaria qualquer pessoa perguntando “por que você faz isso?”. Já me perguntaram isso muitas vezes. Por exemplo: eu faço backlogs de videogames desde 2007, num documento do Word, que se tornou uma planilha do Excel, só que esse backlog foi feito basicamente d’eu revirando a Wikipedia de todos os consoles da história e colocando cada jogo interessante nele e é claro que nunca cumprirei esse backlog e aliás é claro que esse backlog em algum momento parou de ser incrementado porque parei de olhar videogames como louco.
Eu também tinha uma lista de discografias a ouvir e essa lista parou de ser alimentada quando cheguei em, sei lá, mil bandas, mil artistas, ou dez mil, não faço ideia. É meio ruim ser meu amigo porque sempre tenho uma lista mirabolante e estou a seguindo e, quando alguém me recomenda algo, minha tendência é colocar nesse montante e ser esquecido pra sempre. Daí em algum momento eu jogo toda a lista fora e vou ouvir algo que me veio na mente ontem de madrugada.
Eu tenho documentado exatamente tudo o que li desde 2018, por culpa da minha esposa, até então namorada, que vivia me perguntando coisas e eu falava “ah eu já li sobre esse assunto em algum lugar mas não consigo lembrar qual”. Aí num belo dia ela chegou e falou “por que você não anota as coisas que lê?”. Hoje, que estamos casados, vejo que foi uma pergunta inocente, provavelmente imaginando que “anotar” pra mim é como “anotar” pra ela, um papelzinho pendurado em algum lugar com pouca coisa, ou um caderninho, mas isso se iniciou com uma nova planilha do Excel, evoluiu pra um Evernote e eu paguei um ano de Evernote (não me arrependo), evoluiu depois pro Notion, e por fim criei um repositório no GitHub de um Obsidian que não para de crescer, onde estou até hoje na aventura de colocar todas as minhas discografias, livros, artigos, filmes, animes, seriados e tudo mais. Com todos os seus comentários pertinentes ou não.
Eu também comprei aqueles maços de planners de papel, o que muitos podem dizer que é uma idiotice, porque você pode literalmente pegar uma folha de caderno e desenhar aquilo ali como se fosse um jogo de Stop. Mas fiz, não me arrependo, e não faria de novo porque acho que consigo desenhar numa folha de caderno na próxima. Tenho um planejamento de tudo o que vou fazer na semana, além dos compromissos do mês, e a tendência é que não siga nem metade disso.
Porque eu sou organizado, não quer dizer que eu seja responsável.
Aqui eu estou me comprometendo a não transformar esse blog em mais uma das minhas manias de organização, eu prometo nunca colocar uma lista de assuntos ali embaixo e roletar sobre quais escreverei até receber um aviso do Substack ali em cima de que o texto não vai caber no e-mail. O texto passado mal coube no e-mail, o que deve ter intimidado muitas pessoas. Eu não prometo escrever textos curtos, porque não sei fazer isso, eu fecho o olho, digito umas palavras e, quando vejo, temos 30 minutos de texto e já são duas da manhã. Mas prometo ser um total idiota com a newsletter, e não um idiota metódico, que é o pior tipo de idiota.
Mega Man X DiVE
Taiwan
Conforme informado, essa semana veio um falso DiVE Festival no Taiwan. Estamos a duas semanas do servidor se encerrar completamente. Na verdade, quando esse texto sair, na próxima terça-feira, faltará uma semana. Não sei se estou pronto pra me despedir desse servidor, mas vamos tentando desapegar devagarinho. Tenho que ser otimista e pensar o que vou fazer com esse tempo livre, que corresponde tipo das 18h às 19h ou até 20h dependendo da situação (não posso jogar 17h pois ainda estou trabalhando), consigo pensar em várias possibilidades:
emendar uma live já direto depois do expediente e jogar um jogo aleatório todo dia, mesmo não ganhando nada com isso;
começar uma academia, embora eu odeie muito academia desde o início da pandemia e não saiba muito bem explicar o motivo porque antes eu até tolerava, mesmo que fosse jogando um pouquinho de Final Fantasy no celular entre uma máquina e outra;
praticar yoga (mentira, não considero isso. Um abraço a todos os meus amigos que praticam, e até são professores, de yoga, só “não vira” pra mim);
viver a vida intensamente;
gastar uma hora a mais em redes sociais como o Twitter e o Instagram, já que o BlueSky ainda me consome apenas dez minutos, o Mastodon também, e o Threads apenas um minutinho já que ninguém posta lá;
Caramba. Agora eu entendo por que jogo Mega Man X DiVE, todas essas opções parecem piores. Você vai fazer muita falta…
Enfim, o que aconteceu? Além do DiVE Fakestival, iniciamos o evento que vai encerrar o glorioso servidor do Taiwan, o primeiro, o original, aquele cuidado pela própria Capcom, o seu bebê verdadeiro: Matsuri Tanabata. Evento que nos deu um personagem chamado “Festive Zero” no primeiro ano de jogo, que nunca serviu pra absolutamente nada, era ruim pra PVE, não dava dano nenhum em Raid Boss, e no PVP também não prometeu nada e muito menos entregou algo com suas skills que são corpo-a-corpo mas não geram um escudinho sequer.
Aí no ano seguinte tivemos o rerun desse evento e ele nos entregou uma personagem chamada “Festive Leviathan”, essa sim uma destruidora de lares, horrível para Raid Boss e OK para PVE, mas no PVP ela entrou com tudo naquele metagame que estava sendo construído mais ou menos na época do BassXX, do DiVE Armor X e do Super Bass. Ela era a maior jogadora a distância: as suas duas skills atravessam paredes, uma delas causa dano relevante, a outra nem tanto mas enche o caminho de balões d’água que causam um dano interessante no inimigo e, principalmente, deixam ele lento. Qual era a estratégia, então? Você atacava o inimigo de longe e saía correndo, criava um campo minado com balões d’água. Ninguém te alcançava nunca. GG. Ela dominava a arena.
Isso só começou a mudar quando veio o ViA, que era rápido demais, tinha escudos demais, invencibilidades demais, e aí a Roll de Páscoa veio para tirar o trono dela porque ela também conseguia tornar a arena um campo minado, só que ela ficava invencível com várias skills, recuperava vida e ganhava velocidade. Mas até hoje uma boa Festive Leviathan consegue fazer um estrago com personagens antes da DiVE Armor Zero e sempre estará nos nossos corações como um trauma do metagame do seu tempo.
O evento do Tanabata faz uma reskin da fase da Floresta do DiVE, que é uma mistura entre a fase do Wood Man do Mega Man 2 (com um remix, inclusive), Forest do Mega Man X (inclusive, tanto no co-op quanto no modo história, o Sting Chameleon é o chefão) e a Area Forest do Mega Man ZX (teoricamente falando ela É a Area Forest do Mega Man ZX, mas é claro que as referências aos outros dois jogos são inúmeras). Nessa reskin todos os robôs da fase estão com roupinhas de festival Matsuri, inclusive o chefão, que é o REX, um subchefão do Mega Man X3. Ele era horrível no X3, mas no DiVE é legal, está tudo bem. Um dos primeiros eventos do jogo, não é um dos melhores nem mais interessantes, mas uma excelente e nostálgica maneira de encerrar esse servidor.
América Latina
Já pra América Latina, essa semana tivemos a rerun de Monster Hunter, que comentei na outra postagem que o Global receberia. Pois é, recebemos também.
Essa rerun decepcionou muitas pessoas porque, da outra vez, o jogo deu, além de um banner novo para a Shagaru Armor X, e depois um banner para a Gore iCO, um banner genérico com todos os antigos personagens e armas do Monster Hunter (Rathalos Armor X, Hunter R, Hunter V, Crimson Valstrax Zero, Zinogre Iris, Sinister Gatling Gun e Sinister Saber) onde você ganhava mais de 250 pulls de graça, simplesmente fazendo as missões do dia e da semana. Talvez minha memória esteja me pregando uma peça, mas talvez tenha rolado mais de 500 pulls naquele banner.
Dessa vez, o jogo se restringiu a um banner com os dois personagens novos (Shagaru Armor X e Gore iCO), afinal, é uma rerun. E, através do laboratório, você consegue craftar 30 pulls no banner deles. Um número bem pior, não é? Daí a decepção do pessoal.
Devo dizer, entretanto, que estou muito feliz com essa rerun. E o motivo é simples: com 30 pulls nesse banner, eu consegui mais do que consegui com aqueles 250 pulls malditos do outro banner. Sério, eu estava esperando aquele banner pra dar um “up” na minha conta porque, OK, não precisava mais do que um personagem ou arma S repetidos por cada 10-pull, mas… eu simplesmente não tirei nada S depois do primeiro dia. Era tudo B e A. Tudo. Eu tirei Rathalos Armor X repetido uma vez, Hunter V repetido algumas vezes, acho que consegui tirar a Hunter R que me faltava, algumas vezes uma arma repetida, mas… ficou nisso aí, não veio Zinogre Iris e Crimson Valstrax Zero nenhuma vez, tive que resgatá-los no pity. Dessa vez? No meu primeiro 10-pull, consegui um personagem S repetido. No meu segundo, veio a Gore iCO e mais alguma outra coisa repetida. No meu terceiro, 3 S. E de noite, embora não tenha conseguido acompanhar a stream, usei o ticket que o Zero-X deu para mais um 10-pull e tirei mais uma Gore iCO e alguma outra arma repetida. Ou seja: essa quarta-feira foi meu dia de sorte, foi o dia em que o gacha me fez sorrir, e nunca reclamarei dessa rerun.
Ressaltando, essa rerun é o primeiro evento que aconteceu nos servidores da NebulaJoy e não aconteceu no da Capcom. Infelizmente, não consegui assistir a live pra entender direito o que seria da próxima semana. Alguns amigos me disseram que o Next DiVE Armor X está próximo e a Deconstructor também, talvez venham semana que vem ou daqui a duas, já que a rerun durará duas semanas. Já tenho 5k pra Deconstructor, o pity precisa de 10k, mas quem sabe o jogo deixa de ser cuzão e me dá antes, não é?
Mega Man X4 com o X é canon sim
Semana passada eu consegui jogar mais um pouco de Mega Man X4… digamos que foi bastante produtivo, eu terminei o jogo com o X, comecei o jogo com o Zero e tomei uma surra do Storm Owl. Aliás, eu levei tanto tempo pra derrotar o Storm Owl que conheci um padrão dele que nunca tinha visto antes: aquele lá que corresponde à arma dele carregada, quando jogado pelo X, que ele manda uns ventos cortantes pros dois lados. Eu realmente nunca tinha visto antes, a impressão que me deu é que nunca joguei tão mal na minha vida, mas acho que o que aconteceu foi o seguinte: nunca comecei pelo Storm Owl com o Zero, sempre comecei por algum outro chefão mais fácil tipo, sei lá, o Web Spider, o Magma Dragoon (que não é tão fácil mas você pode vencer com a Ride Armor), o Slash Beast. Sei lá, só pode. Mas foi uma excelente luta, divertida pra caramba, se passei vergonha não importa.
Ainda falta terminar com o Zero pra escrever algo muito substancial sobre esse jogo? Talvez. Muitos dizem que a história verdadeira é com o Zero, que o X foi só pra encher linguiça, só pra falar que dá pra jogar com o X. E, de fato, é mais rico jogar com o Zero, com o X parece que muito pouco é conhecido sobre os bastidores da história, é estranho matar o Colonel sendo apenas o X e não seu Grande Rival. Na verdade acho que esse não-envolvimento do X com os bastidores faz parte da história mesmo, e aqui ao invés de resenhar, ou de falar o que senti jogando, vou escrever um esboço de fanfic sobre o que Mega Man X4 poderia ter feito se pudesse fugir totalmente dos moldes de um jogo da série:
Imagine que Mega Man X4 fossem dois jogos diferentes, ao invés do mesmo jogo com dois personagens absurdamente diferentes. Imagine que o X está atrás de oito Mavericks envolvidos na insurreição, enquanto o Zero está atrás de outros oito Mavericks envolvidos. O X, muito provavelmente, estaria enfrentando oito Mavericks que só servem de distração para que o verdadeiro golpe fosse dado, enquanto o Zero seria o cara que enfrentaria oito Mavericks com verdadeira relevância e que cuspiriam as informações necessárias para entender o golpe militar e acessar a Final Weapon. O X seria o cara que descobriria, de propósito pela boca do inimigo, que ele deve ir pra Final Weapon impedir o golpe, sem entender direito o que está acontecendo, pelo simples fato de que o inimigo julgaria ser uma boa armadilha para matá-lo. O Zero e o X se encontrariam na Final Weapon, o Zero após derrotar a Iris, o X após derrotar o Double, ambos abalados. O X perguntaria “O que você está fazendo aqui, Zero?”, o Zero explicaria exatamente o que está acontecendo, o X falaria “Meu Deus, eu não fazia ideia de que tudo isso está acontecendo! O Sigma, aquele maldito…”, o Zero falaria “Que? Sigma?”, o X responderia “Sim, o Double me falou que… enfim, esquece, o fato é que o Sigma está por trás de tudo isso”, e aí o Zero ficaria surpreso em como o X consegue reunir informações apesar de ser tão ingênuo.
É claro que a fanfic é um exagero, mas acho um pouco mágico como toda a trama do X gira em torno dele ser ingênuo. É inútil achar tosco heróis como o Naruto, que não fazem ideia de absolutamente nada do que está acontecendo, só por um acaso são a pessoa mais poderosa do mundo e seus poderes são todos ocultos, e achar o personagem X digno de qualquer respeito. Não que eu não ache o X digno de respeito, só que, pra achar isso, tenho que assumir que o Naruto também é um personagem de respeito, que o Luffy também é, que basicamente todo esse estereótipo do personagem shounen otário se aplica ao X mais do que com qualquer outro personagem.
Porque o problema do X não está nele mesmo, está no mundo ao redor, está na completa dissonância entre ele e o mundo ao redor. Veja bem, você sabe muito bem como é o Mega Man clássico. Ele não tem escolha, foi criado para ser ingênuo, é fadado a ingenuidade, fadado a imaturidade, ele não pode ser nada se não ingênuo não só por ele mesmo, mas ele é como todos os outros robôs que estão fadados a serem uma ferramenta e nada mais. Os robôs da série clássica são dotados de uma inteligência maravilhosa mas tudo é muito mais limitado do que na série X. Do que me lembro, temos quatro casos de “traição” na série clássica, são eles: Proto Man, que perdeu tudo e foi morar de aluguel, por conta de um defeito que o deixa meio tantan das ideias; Bass, que também não bate bem da cabeça, não obedece ninguém muito bem, mas tudo isso porque ele foi programado para vencer o Mega Man então nenhuma instrução que atrapalhe ele nesse objetivo prevalece; King, que no final das contas ainda era uma marionete do Dr. Wily; e o próprio Mega Man, naquela fatídica cena do Mega Man 7 onde o Dr. Wily diz que as leis da robótica impedem o Mega Man de atirar nele, e o Mega Man responde “eu sou mais que um robô… morra, Wily!” mas acaba não fazendo nada. Eu considero essa cena do Mega Man 7 uma anomalia, nem lembro se no original é assim ou não, mas acontece, todo mundo tem direito de fazer o que quiser com os personagens.
O ponto é que, na série X, o X é o único robô tonto no mundo inteiro. Ele está fadado a ser ingênuo mas, ao contrário dos robôs na série clássica, só ele está fadado a isso. Só ele não pode ser infectado pelo Sigma Virus e pelo Zero Virus, só ele não pode se tornar “Maverick” e, caso isso aconteça, não será pelo caminho do vírus, não será pelo caminho que os outros robôs tomam, será por um caminho próprio - era essa a questão original da série Zero, um X que se tornou um ditador totalitário para proteger os humanos porque Mega Man X4 inicia um debate sobre a complexidade do rótulo “Maverick”, um debate que descobrimos que já foi resolvido internamente por todos os personagens da série, entre o Sigma e o Zero, passando por todos os robôs da Repliforce e todos os Maverick Hunters, todo mundo já formou muito bem sua opinião.
A única pessoa incapaz de participar desse debate é o X, a única pessoa que não entendeu o peso de rotular alguém como um Maverick, e de receber o rótulo de Maverick. E ele está condenado a isso.
No fundo, todos os jogos da série X giram em torno da tensão do X, um Reploid puro, com um mundo corrupto. Mas os jogos são muito conscientes de que a pureza vs. a corruptibilidade por si só não significam nada porque o X é só um robô, ele é só um soldado, o mundo não gira em torno dele e, aliás, talvez ele sequer tenha algum valor já que ele não é um humano, e faz parte da sua pureza não pensar nisso enquanto todos os outros robôs pensam e se assustam com a possibilidade de serem descartados.
Embora você jogue com o X e possa desconsiderar completamente as entrelinhas dos jogos porque, afinal de contas, você começa numa fase inicial, vê a catástrofe, faz algo para impedir a catástrofe e sai como herói do planeta, as entrelinhas dizem que o X é um robô sem valor nenhum pro mundo. As entrelinhas de jogar com o X no Mega Man X4 dizem isso e, talvez, não seja só porque o Inafune gostava mais do Zero, mas porque era necessário mostrar que o X faz tudo no automático, trata o rótulo “Maverick” como alguma doença mental terrível que alcança os robôs e poderia alcançá-lo também e mudá-lo completamente da água pro vinho. Isso fica claro no final do jogo, quando ele olha para as próprias mãos, assustadíssimo, e pede para o Zero matá-lo caso ele virasse Maverick.
O Mega Man X4 tem o privilégio de mostrar esse abismo perceptivo gigantesco entre o X e o Zero na mesma história, não porque o X não tem poder de análise nenhum ou pouca inteligência, mas porque ele é o único incapaz de virar Maverick, não tem as configurações necessárias para se tornar Maverick, então ele não faz ideia do que os outros robôs sentem. O X vai morrer sem entender por que o Magma Dragoon virou Maverick para lutar contra ele, o Zero talvez tenha entendido. O Zero não é mais “sanguinário” do que o X, ele só é capaz de identificação verdadeira com outros robôs porque ele pode se tornar Maverick, aliás, ele é o Primeiro Maverick. Enquanto o X hesita em matar qualquer Maverick por achar que está tratando de um doente em surto psicótico, o Zero não hesita porque se enxerga neles, consegue compreender que há motivação genuína, que o vírus é só uma parte do processo e, de fato, é, já que a insurreição da Repliforce foi feita sem nenhum vírus envolvido. O X é completamente assustado com a insurreição da Repliforce, “Não façam isso! Se vocês fizerem, serão rotulados como Mavericks!”, enquanto o Zero entendeu a plausibilidade da decisão deles, a ponto de chegar no Colonel, dizer cheio de emoções “Estou decepcionado com você, Colonel!” e ser o robô que parte pro combate.
Assim como a história do Zero nesse jogo gira em torno da sua relação com a Iris, e isso é óbvio, toda a história do X gira em torno da sua relação com o Double, e isso pode não ter ficado tão óbvio porque não há um romance envolvido. A grande frase do Mega Man X4 com o X é “You’re so naive” e ela é tão importante quanto o Zero gritando “What am I fighting for”. Ela é dita pelo Magma Dragoon ao confessar o crime da Sky Lagoon, mas principalmente pelo próprio Double, que completa com “That naiveness may be your fatal flaw”. O jogo não é um saco com o X porque “a história com o Zero é canon”. Se for assim, todos os três jogos do Super Nintendo são um porre e não devem ser considerados canon porque jogamos os três na perspectiva do X, não entendendo merda nenhuma do que está acontecendo na subjetividade da história. A questão é que a perspectiva do Zero tem o viés de um (potencial) Maverick e isso parece muito mais legal do que jogar com um robô que não percebe absolutamente nada das entrelinhas, é sempre pego de surpresa ao descobrir que o mundo não é perfeito, e só vence no final porque é um robô perfeito. Mas vence o que? Venceu mesmo? Está fazendo o certo mesmo? Jogar com o Zero nos permite viver essas perguntas pela primeira vez. E talvez, só talvez, a maioria das pessoas prefira jogar um jogo onde essas perguntas são feitas, mesmo que digam o contrário na internet com aquela conversinha de “não quero jogo inteligente, não quero jogo politizado, só quero andar e atirar pew pew”.
O X não é capaz de fazer essas perguntas, você nunca as verá saindo do X. Mesmo no X7. Ele não se retira pensando “e se NÓS somos os Mavericks?”, se retira por pensar que a estratégia de ser Maverick Hunter é “ineficiente”, traz mais danos e fere inocentes do que resolve os problemas. E esse dilema é maravilhoso. É importante notar que eu não faço juízo de valor da personalidade do X em si, o X7 é um exemplo maravilhoso de como você pode trabalhar a complexidade de um personagem como o X, o Copy X da série Zero também é um excelente exemplo de como até a moralidade de um robô puro pode levá-lo ao totalitarismo, e em todos os jogos após o X4 o X é um personagem interessante.
Enfim, o X é bobão, isso é canônico e é isso que Mega Man X4 quer dizer.
Mentira.
Naruto aos 14 anos vs. Naruto aos 29
Acho que está se tornando uma obrigação minha reassistir, reler, rejogar, tudo aquilo que fez parte da minha adolescência, porque é muito importante.
Em primeiro lugar, eu acho bizarro como simplesmente não consigo lembrar de tantos detalhes importantes de Naruto, detalhes que dão graça à história, que talvez expliquem o por que eu li Naruto por tantos anos e agora não consigo lembrar de quase nada. Mesmo sobre o anime, sobre aquelas lutas todas, tinha um pouco de lembranças sobre a luta contra o Haku, Rock Lee contra o Gaara, primeira aparição do Orochimaru, Naruto contra o Gaara, Sarutobi contra o Orochimaru, Sasuke contra o Naruto na cachoeira, Itachi contra o Kakashi, mas… tudo luta, tudo algum detalhe, algum Jutsu. Percebi que sou péssimo com lembrar a história de Naruto.
E não é só com Naruto.
Há um tempo resolvi começar a ler One Piece do zero, ao invés de tentar pegar de onde parei (ali pelo capítulo 800) e voltar a ler até ficar em dia, porque estava com essa impressão de que não conseguia lembrar muito bem de nada do que tinha acontecido. Eu mal lembrava quem eram os personagens. E ando percebendo que posso atribuir essa falta de lembrança à parca percepção de mundo que tinha quando adolescente e como ela me fazia enxergar os animes, mangás, etc. de maneira míope, sem todas as suas nuances, sem conseguir amarrar As com Bs e refletir sobre o mundo, sobre a motivação de cada personagem, sobre o que está acontecendo de fato. Hoje percebo que terminei de ler Naruto sem entender a história, só tendo talvez um compilado de momentos emocionantes nas lutas em mente.
É engraçado pensar nisso porque, até certo ponto, vejo uma galera revoltada com a molecada que lê Chainsaw Man e não entende merda nenhuma, mas acho tão… normal, sabe? Também fui esse tipo de adolescente que não entendeu nada, exceto que eu não ficava flertando com neonazismo explícito porque na minha adolescência isso não estava muito presente no meu canto da internet, mas também já falei boas bostas dignas de tomar tapa na cara.
Não vou generalizar, mas acho normal que tantos adolescentes interajam com mídias em busca de descargas emocionais e não queiram ouvir “a baboseira da política”, não estejam necessariamente interessados na construção dos personagens além do seu caráter afetivo, mesmo para a música e para a literatura. Eu fui um adolescente do heavy metal e tinha pouco interesse em leituras que “faziam pensar”, a não ser que elas tratassem daquilo que eu precisava pensar para me defender, que no caso era o ateísmo para me defender dos meus pais e da igreja que na minha cabeça tentavam me obrigar a acreditar na Bíblia. Tudo o que vivi naquela época foi em busca de expressões explosivamente emotivas moldadas ao meu jeitinho, o que não incluía um filme como Carga Explosiva ou Missão Impossível mas Naruto, que tinha drama o tempo todo, algumas boas lutas, maneiras de encarar os sentimentos muito diferentes do meu contexto (quebrada, igreja, etc.) mas que ressoavam muito mais comigo.
Consigo imaginar perfeitamente um adolescente frustrado com a vida encontrando no Chainsaw Man um significado “apolítico” (só na cabeça deles, sabemos), vendo aqueles personagens tão extremos e radicais e encontrando nas atitudes deles uma inspiração, uma motivação, se não para ser parecido com eles ao menos para ver gente com uma linha de pensamento tão maluca que faz com que eles se sintam menos perdidos por pensarem como pensam. É isso que eles querem com uma obra de arte, e/ou de ficção, se achar mais importante esse termo. É esse tipo de validação.
Quem entende o contexto socio-econômico, o discurso político, por trás de Chainsaw Man, também pode estar de certa forma procurando um tipo de validação, aliás até bem parecida com a do adolescente e isso não é nenhum demérito, isso é mérito. Acho maravilhosa a nossa capacidade de buscar e encontrar validação no mundo exterior. A questão não é essa. Dificilmente vejo uma obra e consigo pensar que ela não tem valor nenhum mas, no caso de Naruto, é muito óbvio pra mim que é uma obra de grande valor, embora seja difícil dizer se através de muitas lentes de crítica isso se aplica. A questão é que grande parte do valor de Naruto, e de muitas obras, está em tratar como relevante cada ponto e não só aquele ponto que você julga relevante, porque uma coisa não existe sem a outra.
Eu não poderia ter deixado passar uma fala da magnitude de dizer pro Hyuuga Neji que, ao se tornar Hokage, o Naruto interferiria no clã Hyuuga para tirar aquela regra da família primária e da secundária. Não teria como dar certo assistir ou ler Naruto sem compreender a profundidade dos sentimentos de compreensão mútua entre o Naruto e o Sasuke, na minha adolescência eu simplesmente não entendi por que o Sasuke topou ser discípulo do Orochimaru, não entendi o tipo de relação que a Hinata tinha com o Naruto e até achei que era uma possibilidade aceitável o Naruto terminar com a Sakura - embora não torcesse por isso, torcesse pra Hinata porque “ela era mais boazinha e não tratava o Naruto mal”… cara, não é só isso, isso é só a ponta do iceberg, meu Deus. Não ter entendido a construção do personagem da Hinata explica muito sobre mim.
E sinceramente, acho que não entendi nada disso porque era adolescente, porque política era irrelevante pra mim só que o ano era 2007 então eu ainda não tinha lido ninguém falando coisas imbecis como “estão politizando meu entretenimento”, eu não entendia como todo o contexto político das tensões entre as vilas estava entranhado na história de cada personagem, não entendia que personagens como o Naruto, o Sasuke, o Gaara, o Neji, etc. têm aquelas histórias absurdas de vida que levaram às suas construções filosóficas não como uma espécie de amontoado de desculpas criadas para fazer uma história de lutinha. Não é tirado do cu, precisa de um esforço verdadeiro para criar um personagem, criar coerência entre a sua história, a sua personalidade e os seus poderes, pensando junto com isso na história do mundo que você criou, e ainda trazendo a tona que todas essas questões inventadas no fundo não são bem inventadas e sim uma espécie de imagem da realidade vista pelos sentidos humanos de quem criou.
É claro que eu não fico pensando nessas “variáveis” aí como viés de análise, não é isso, e acho que se eu chegasse no meu “eu” adolescente dizendo que é assim que faz ele mandaria eu tomar no cu. É que acho que existe uma série de vivências minhas, dos mundos reais e irreais que conheci, dos pensamentos e interesses políticos que já tive e deixei de ter, dos sofrimentos psicológicos e emocionais que passei e compreendi, que vêm de imediato quando assisto cada cena, ouço cada diálogo, me maravilho com os personagens, os mundos inventados. Não porque eu “sei mais”, mas porque, talvez, eu tenha percebido que sei muito pouco, e que não posso ignorar absolutamente nenhum detalhe do que está acontecendo na história se quiser aproveitar pra valer. Eu me apegava a detalhes da história que ninguém aparentava gostar de se apegar quando era mais novo, e eu estava certo, embora a minha motivação fosse tentar ser diferente de todo mundo, mas eu estava errado de ignorar os detalhes da história que todo mundo gostava. Aliás, todo mundo está errado em não abraçar absolutamente tudo o que puder abraçar de qualquer obra.
Eu tenho certeza que, dessa vez, vou guardar a história de Naruto inteirinha na cabeça. Assim como eu lembro os duzentos e trinta capítulos de One Piece que já reli.
Mas, se você é adolescente, foda-se. É melhor se importar com outras coisas. Viva aquilo que sua cabeça maluca cheia de transições e alterações químicas te permita viver e pau no cu de todo mundo e de todas as regras. A não ser que tenha achado o que eu disse legal, aí pode se importar com o que eu disse.
Ah, outra coisa, não seja neonazista na internet, fuja de neonazistas na internet. Esse conselho é importante de verdade. E todos os animes e mangás que você gosta são de esquerda sim, sinto muito.
Recanto (Gal Costa, 2011)
Já faz dois anos que estou ouvindo a discografia da Gal Costa e, enfim, estou perto de acabar. É uma discografia enorme, maravilhosa como esperado, mas acho que o disco mais surpreendente desse enorme bolo foi o Recanto, de 2011. Nesse disco, a Gal usa elementos de música eletrônica de nicho, mais especificamente umas coisas meio chiptune, meio experimental.
Descrever isso com essas palavras é um saco mas é porque, sei lá, descrever música é um saco. Não é só que ela fez música para gente cult gostar, aliás, é complicado falar em “cult” e “Gal Costa” porque, embora Gal seja algo do imaginário popular, ao mesmo tempo ela, como todos os artistas dessa cena e de outras parecidas (Gal, Gil, Caetano, Chico, Bethânia, Tom, Caymmi, etc.), são vistos meio como uma vanguarda popular do Brasil, aquilo que você conhece por “ter cultura”. Mas eu sei que o “cult” da “música experimental” se refere a um tipo de gente ainda mais chata e nojenta da cena musical do que os fanáticos pela MPB. OK.
Deixando isso de lado, o ponto aqui é que eu estou há um ano ouvindo discos da Gal Costa e, em todos eles, tudo é muito parecido. Não entenda “parecido” como negativo, não estou dizendo que é repetitivo, cansativo, não estou colocando nenhum juízo negativo aqui, acho que todos os discos foram muito bons de ouvir, todos os discos são originais, mas são naturalmente parecidos porque a Gal tem um estilo com uma enorme amplitude mas também um bom chão. Mas esse quebrou completamente tudo o que eu estava acostumado ouvir saindo de Gal Costa. Eu não esperava ouvir ela cantando acompanhada de um chiptune meio fase de castelo do Super Mario World, sem se perder, aliás, até brincando com o fato de estar presente naquele lugar sonoro e não em qualquer outro. Sei lá se ela gostou desse disco, mas foi uma maravilhosa aventura.
Vale a pena conhecer.
Aliás, vale a pena conhecer tudo da Gal. Só não precisa ter pressa. Nenhum disco foge do lugar.
the pillows
Para quem não sabe, a minha banda japonesa favorita é o the pillows. Escreve assim mesmo, tudo minúsculo (mentira, não sei se alguém liga pra essa estilização). the pillows é uma banda de indie rock de Hokkaido que deve ter começado carreira ali pro final dos anos 80, já sabia fazer um bocado do que o Strokes fazia na segunda metade da década de 90, fazem músicas perfeitas para ouvir em qualquer período do dia em que tenha sol.
De fato, the pillows é uma das bandas que mais marcou minhas viagens. Eu conheci ela como qualquer outro otaku conheceria: assistindo FLCL. Eu não lembro absolutamente nada de FLCL e talvez o motivo seja semelhante ao que descrevi agora pouco falando de Naruto, mas assisti por recomendação dos meus amigos e, assim como meus amigos, fiquei fissurado na banda que toca tipo toda a trilha sonora do desenho. Não me lembro exatamente o que me fascinou tanto neles, acho que não fiquei de fato fascinado, só gostei, devo ter achado o riff da Ride On Shooting Star legal, sei lá. Como sempre fiz e faço até hoje, baixei a discografia inteira da banda e ouvi disco a disco, single por single, EP por EP, mas não foi lá uma experiência muito marcante porque eu ouvia música de atacado e as coisas que chamavam a minha atenção eram mais “riffs”, solos extraordinários, eu não tinha o costume de sentir a música como se fosse brisa e the pillows é bem esse tipo de banda, uma brisa que você precisa sentir.
Eu tinha aqueles MP3 Player vagabundos de 256 MB no ano dessa história, deve ser 2010. Ousei selecionar uma gigantesca playlist de the pillows e colocar nesse MP3 para minha viagem anual de praia, acho que o MP3 só tinha the pillows e nada mais, mas eu encararia, tudo bem. Por mais que eu tenha dito que era cativado por aqueles elementos esquisitos de metaleiro, eu simplesmente não conseguia não gostar do pillows, era legal e ponto final, só não tinha nenhum riff como Damage Inc. do Metallica.
Foi a viagem mais bonita que fiz na minha vida.
A viagem de praia desse ano, graças a Deus, foi pra Santos ou Guarujá, então fizemos um dos trajetos mais lindos do país que é pegar a Rodovia dos Imigrantes e descer a Baixada Santista. E, justamente nesse trajeto, a discografia chegou naquele EP “Turn Back”, que tem regravações de músicas do começo da carreira deles. Esse EP tem uma regravação da música que, hoje, considero a melhor música deles, embora Ano hi to onaji sora no shita de chegue perto: Tiny Boat.
Essa versão é a original, que até então eu não conhecia.
O cover era bom o suficiente praquele momento, mas a original é uma das coisas mais belas já feitas por uma banda.
Acho que essa deve ter sido minha primeira experiência musical desse tipo, em que eu só pude chorar estando diante de algo tão bonito acontecendo e tomando conta de todos os meus sentidos. A música parecia dialogar com aquela descida leve da Baixada com todas aquelas árvores, aquelas montanhas, e a praia lentamente surgindo no horizonte lá no final. Como se tivesse sido feita com essa intenção. Não estou exagerando. Eu era um adolescente de, sei lá, 16 anos, tendo uma experiência catártica incrível, acho que isso transformou a maneira que ouço música pra sempre.
Sei lá, eu sou uma pessoa muito feliz e realizada.
Obrigado the pillows.
Dica do programador
Nunca use Laravel 5.8. Não sei as versões posteriores, mas a 5.8 é um erro tremendo. Um erro absurdo. Seu sistema nunca vai se recuperar do consumo de memória e da performance risível feita por essa versão do Laravel.
Aliás, eu é que quero uma dica de programador: será que existe possibilidade de migrar do Laravel 5.8 pra uma versão mais atualizada sem precisar trabalhar por 24h ininterruptas durante um mês?
(Eu detesto frameworks de PHP. Todos.)
Momento crente
Existe um tipo de pregação que eu detesto do fundo do meu coração, de todo o meu ser, pedacinho por pedacinho, que sinto raiva só de ouvir: a pregação do pastor que diz que não podemos ser apegados a bens materiais. Entenda-me direito, não estou dizendo que precisamos ser apegados a bens materiais, não é isso. É um tipo de pregação específico que tenta desqualificar a Teologia da Prosperidade, quando o pastor é parte do problema e não da solução.
Veja. Acho que, em certo momento, os cristãos aprenderam a criticar a Teologia da Prosperidade e saíram fazendo isso tanto que virou uma espécie de “chutar cachorro morto”, mas a Teologia da Prosperidade surgiu por um motivo aqui no Brasil e ele é muito diferente do motivo norte-americano: nós realmente precisamos de prosperidade. Nos anos 80, no boom evangélico, o Brasil estava no Mapa da Fome. É natural que as pessoas se apeguem a Deus pelo que Deus pode dar a elas, quando o que elas precisam é o básico para a subsistência. É natural que os evangélicos, em sua maioria pobres, fossem até um templo em busca de alimento, curas físicas e emocionais, diante de uma realidade social tão precária que lembrava a própria Israel de Jesus.
Ainda que a Teologia da Prosperidade de fato seja uma distorção do Evangelho, não considero ela uma distorção maior do que um pastor canalha que viaja dos Estados Unidos da América pra cá de avião, pega um táxi até o seu hotel quatro estrelas ou mais, tira uma tarde para “ter um dia de brasileiro” em cidades tropicais, faz seu estudo bíblico debaixo de um abajur e aí chega no domingão com um chicote na mão cheio de críticas pros fiéis. Dizendo coisas como “Vocês estão trocando o Evangelho de Jesus por falsos profetas! Por pessoas que pregam que Deus dá bens materiais! Eu sou humilde! Eu nem compro SUV todo ano, só a cada dez!”. Tampa os ouvidos se sua igreja ensina que palavrão é pecado: que vá se fuder um filho da puta desses.
Pastor que vem encher o saco falando que Paulo passou fome, passou frio, foi açoitado, foi torturado, e que nós temos que estar dispostos a passar pelo mesmo. Pastor que vem encher o saco dizendo que temos que ser escravos de Cristo, sendo que ele é um branquelo que não só não faz ideia do que é ser escravo, como seu bisavô provavelmente era dono de alguns. Eu não respeito nem missionário que passou perrengue nesse sentido porque existe uma diferença tão absurda entre sofrer por escolha e sofrer sem escolha que, pra mim, é simplesmente impossível dizer isso. Ainda assim, ao menos ao missionário é dada a dignidade de dizer numa pregação que “Deus supriu suas necessidades” porque, afinal de contas, ele teve necessidades e elas tiveram que ser supridas.
Pra mim, a Teologia da Prosperidade é só uma teologia lotada de problemas. Mas a Teologia da Austeridade proposta por pessoas que nunca sofreram na vida é a maior canalhice teológica que já existiu. Essa Teologia precisava ser rebatida com a Teologia do Tapa na Cara.
Até a próxima, meus bacanos!